COMEDIANTE GERALDO MAGELA
Com um sorriso que escapa fácil no rosto e palavras cativantes, o humorista e palestrante Geraldo Magela é conhecido no Brasil e no exterior pelo seu talento inquestionável, e pela alta capacidade de ser criativo para superar a deficiência visual em todos os aspectos sociais.
Mas para bilhar teve de vencer muitas dificuldades. Desde a infância, aprendeu a lidar com a deficiência visual para transformar essa característica física em uma ponte para transpor obstáculos e conquistar objetivos.
Um desafio pessoal que o levou a trilhar uma longa jornada de sucesso. Conquistou a atenção e simpatia do público a partir do seu jeito único de contar piadas e brincar com o próprio cotidiano de deficiente visual, sempre com uma mensagem bem-humorada que cativa e inspira as pessoas.
Carinhosamente conhecido como Ceguinho, não à toa que seu nome é lembrado por várias gerações como um dos humoristas mais populares do país.
Geraldo Sebastião Magela Dias nasceu em 10 de maio de 1958 em Venda Nova, cidade mineira localizada em Belo Horizonte, em uma família com oito irmãos, sendo cinco cegos. Todos acometidos por uma doença conhecida como retinose pigmentar, que provoca perda gradativa da visão.
Magela lembra que teve dificuldade para enxergar já na infância, e o quadro piorou quando tinha aproximadamente 22 anos.
“A minha infância foi muito problemática, porque na época eu sofria muito com gozações de outras crianças que me chamavam de cobra-cega, faziam brincadeiras de mau gosto, como me jogar pedras e se esconder, entre outras brincadeiras. Sempre enxerguei muito pouco. Televisão, por exemplo, só de muito perto. Jornal ou revista só dava para ler as manchetes. E a perda da visão foi lenta. Eu digo que foi tão lenta que, quando fui ver, já não estava vendo”, lembra Magela, com seu bom humor característico.
Ainda garoto foi vendedor de picolé, refresco, bolinho de espinafre, carregador de feira. Quando adulto, fez como a maioria dos deficientes visuais: vendeu loteria por cerca de 10 anos. Ele diz que foi um tremendo pé frio para os apostadores, pois nunca vendeu um prêmio sequer.
Inspirado pelos programas de rádio que ouvia na adolescência, fez locuções em lojas da cidade natal como propagandista anunciando produtos. Sempre com chamadas criativas: “camisas que depois de lavadas servem para o irmão mais novo; calças que depois de lavadas viram bermudas”. Geraldo Magela ficava escondido do público dentro das lojas, anunciando os produtos por meio de imitações de personagens famosos. Estratégia que funcionava como isca para atrair os consumidores e liquidar os estoques das lojas.
A carreira artística começou no rádio. Como ouvinte, ganhou um concurso do programa de Aldair Pinto, grande nome do rádio mineiro. Levou como prêmio para casa uma lata de café e a simpatia de Aldair Pinto que, na ocasião da premiação, conheceu as imitações de Geraldo Magela e o convidou a participar do programa.
Não demorou muito para o Ceguinho ganhar seu próprio programa de rádio. Trabalhou em diversas emissoras mineiras: Rádio Inconfidência, Rádio Capital, Rádio Itatiaia. Nos anos de 1990, apresentou todos os domingos o programa Alegria Brasileira, na rádio Espacial FM, onde interpretava seu famoso personagem Zé do Banjo.
A primeira experiência na televisão foi na Rede Minas, apresentando um programa de rádio dentro da TV chamado “Rancho Fundo”. No teatro, começou com a peça “Radioatividade”, uma programação de um dia em uma rádio montada no palco.
Logo depois veio o show “Cegos, Mancos e Loucos” com seu parceiro e amigo Kaquinho Big Dog. Uma apresentação que continua em cartaz no país. “Cego sou eu, Kaquinho é o manco, e loucos são as pessoas que vão ao espetáculo”, brinca o humorista.
A carreira decolou em 1996, quando Geraldo Magela lançou o show “Ceguinho é a Mãe” no programa Jô Soares Onze Meia, ainda no SBT. O sucesso foi tão expressivo que o humorista passou a participar dos principais programas de televisão do país. Somente no Programa do Jô foram 11 participações, a mais recente em junho de 2016.
De 1999 a 2001, com o personagem Zé do Banjo, trabalhou na Escolinha do Barulho, programa da Rede Record inspirado no famoso formato da Escolinha do Professor Raimundo, da TV Globo, no qual o Ceguinho também teve participações.
Entre 2011 e 2013 atuou na Escolinha do Gugu com o personagem Seu Magela. No cinema, em 2011, Geraldo Magela teve a oportunidade de trabalhar com o diretor Pablo Villaça ao ser convidado a participar do curta “Morte Cega”, comprovando seu talento também como ator.
Uma das características predominantes do Ceguinho é a habilidade de se reinventar constantemente com muita criatividade e humor. O artista permanece atuante na TV, teatro, e também na Internet. E passou a ser bastante requisitado por diversas empresas e municípios para transmitir sua mensagem cativante em palestras show pelo país.
“Apesar de tanto preconceito que já sofri, e que às vezes ainda sofro, digo que você nunca deve parar. Pois quem para, só anda para trás. Se você não tentar, já estará derrotado antes mesmo de seguir em frente”, diz Geraldo Magela
Magela coleciona fãs e admiradores em todos os lugares!
Magela você é uma prova de que uma deficiência física não impede que a pessoa siga sua vida com glória, talento e alegria. Você que perdeu a visão mostra que isso não pode ser empecilho para que você não continue vivendo, e nos fazendo viver com alegria, como você faz. É um prazer sem tamanho abraçá-lo.
Chico Anysio
Escolinha do Professor Raimundo (1995)
Ele seria humorista e comediante mesmo se não fosse cego, porque as piadas dele transcendem a sua deficiência visual. De longe, tem muito talento porque ele tem o mais importante de tudo, que é o sentido de observação. Sem isso, você pode enxergar longe, mas não vai ver nada